TECNOLOGIAS
ASSISTIVAS : viabilizando a acessibilidade ao potencial individual
Resumo:
A proposta deste trabalho é
fornecer noções básicas sobre
Tecnologias Adaptativa/Assistiva na Educação Especial e seus usos. Procuramoos
apresentar de forma sintética, um panorama geral das Ajudas Técnicas
disponíveis atualmente, tanto a nível de hardware como de software, as quais
potencializarão o acesso das Pessoas com Necessidades Educacionais
Especiais-PNEEs ao contexto educacional e social, numa perspectiva mais
inclusiva.
Abstact: This
paper presents basic concepts about adaptative-assisted-technology and its uses
in Special Education. Thus, it includes a general ouverview of the
technological aids currently avaiable in trans of hardware and software. Such
aids make possible that persons with educational special needs interact in an
educational and social context within a more inclusive perspective.
Palavras-Chave:
Tecnologia Adaptativa/Assistiva,
Educação Especial, Ajudas Técnicas,
Pessoas com Necessidade Educacionais Especiais, Hardware, Software
1. INTRODUÇÃO
A evolução das Tecnologias da
Informação e Comunicação (TIC) é contínua e acontece atualmente numa velocidade
que impõe constantes reformulações do
nosso “saber fazer”. Realmente não conseguimos acompanhar o ritmo das novidades nesta área. Os investimentos para o avanço da informática
se fazem em todos os campos das atividades humanas, condicionando nossa vida
cotidiana e trazendo mudanças nos modos de representação e percepção da
realidade, uma “Mutação Antropológica”, como bem nos faz lembrar Levy, (1998).
Neste contexto, uma área da Educação tem sido particularmente revolucionada e
impulsionada a reformular seus antigos
parâmetros e paradigmas, a pensar sua ação e resignificar o sujeito da sua
atenção, passando a valorizar sua linguagem particular, sua sensibilidade, seu
conhecimento e imaginação, qual seja a Educação Especial. A mediação digital
vem impreterivelmente favorecer,
inúmeras novas oportunidades de acesso, em via dupla, ao conhecimento da cultura por parte do
indivíduo e do indivíduo por parte desta. A Educação Especial tem agora novas
perspectivas de abordar a diversidade
humana e “des”cobrir todos que historicamente foram excluídos, escondidos,
discriminados, encobertos pelas mais diferentes sociedades no continuum das épocas.
Neste momento, através da
conscientização progressiva das políticas educacionais internacionais
pressionando, de certa forma, as
nacionais, percebe-se pouco a
pouco um comprometimento maior dos
governos com o apoio às pesquisas e a busca de soluções para a acessibilidade das Pessoas com Necessidades
Educacionais Especiais (PNEEs) ao
contexto social mais amplo. Focalizando o nosso país, segundo estimativas, há uma abrangência de
10% da população brasileira considerada como tal, o que representa dezesseis
milhões de pessoas com deficiência. Recentemente aprovado, encontramos no
PROJETO DE LEI 4767/98, que delinea a questão da acessibilidade de modo geral, por
meio da “supressão de barreiras e obstáculos nas vias e espaços públicos, no
mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios, nos transportes e
meios de comunicação”. Ainda, no Cap. VIII,
art. 21-II da referida lei, encontramos as disposições sobre as ajudas
técnicas no sentido do poder público comprometer-se em fomentar programas
destinados “ao desenvolvimento
tecnológico orientado à produção de ajudas técnicas para as pessoas com deficiências”, tema que iremos tratar
mais especificamente neste trabalho.
Carmen Basil, citada por Puche et al. (2000), enfocando a habilitação das PNEEs coloca que, se por
um lado, há necessidade de um esforço no sentido de conseguir-se o máximo
desenvolvimento das capacidades destes indivíduos, por outro, há uma premência
em modificar-se o espaço físico, os atendimentos sociais, o acesso ao contato e
conhecimentos das habilidades de todos os membros da sociedade com o objetivo
de suprimir obstáculos físicos, barreiras de comunicação e atitudes
desfavoráveis que limitam o crescimento pessoal e a qualidade de vida destas
pessoas. Ainda segundo a mesma autora, um dos investimentos importantes na
capacitação e habilitação destas pessoas, encontra-se justamente na provisão de
ajudas técnicas.
No
Brasil, vários termos tem sido adotados para denominar os novos artefatos
tecnológicos, que visam potencializar as capacidades das pessoas com qualquer
tipo de “dEficiência”, entre os quais, Tecnologia
Adaptativa ou Tecnologia Assistiva, conforme a influência da abordagem européia
ou norte-americana. Como a intenção
deste trabalho é colocar diante do
leitor, profissionais da área de Educação Especial, pais e PNEEs, um quadro
explicativo e abrangente dos avanços trazidos pelas Tecnologias às pessoas com
dÊficiência, usaremos os dois termos
concomitantemente. Na verdade, embora
sejam utilizados os diferentes termos, o
objetivo é um só, eliminar barreiras de acesso ao mundo às pessoas com
dificuldades, propondo soluções para os mais distintos tipos de necessidades
especiais, sejam no âmbito das deficiências físicas, mentais ou sensoriais.
2. AJUDAS TÉCNICAS, O QUÊ E PARA QUÊ?
Definindo mais claramente o que são as
ajudas técnicas, ou, também denominadas auto-ajudas, pode-se dizer que referem-se ao conjunto de
recursos que, de alguma maneira, contribuem para proporcionar às Pessoas com
Necessidades Educacionais Especiais (PNEEs) maior independência, qualidade
de vida e inclusão na vida social,
através do suplemento (prótese), manutenção ou devolução de suas capacidades funcionais: desde uma simples
bengala, um par de óculos, cadeiras de roda, até complexos sistemas
computadorizados que permitem o controle do ambiente ou a própria expressão e
comunicação do indivíduo (www.clik.com.br). Referindo-nos mais especificamente
ao contexto da Tecnologia Adaptativa/Assistiva Informática, a qual envolve o
conjunto de ajudas técnicas, concordamos
com Montoya (1997) quando menciona que, muito além de servirem para compensar incapacidades, podem estender e valorizar o
contexto de desenvolvimento e atuação das PNEEs. O mesmo autor, complementa colocando que, ao
utilizar os sistemas de ajuda apoiados pelo computador, um aluno não-verbal,
por exemplo, pode falar ou escrever ainda que apenas possa controlar o seu
pestanejar ; um aluno cego através de um Braille portátil, ou um aluno com
deficiência motora levando um computador acoplado a sua cadeira de rodas, podem
participar e realizar normalmente,
tarefas a nível universitário; pessoas com severas deficiências motoras
e de fala, tem a oportunidade de controlar e manipular diferentes dispositivos
domésticos que favorecem suas independência e autonomia.
Apresenta-se na sequência deste trabalho, inúmeros recursos que as Tecnologia
Adaptativa/Assistiva nos disponibilizam, como apoio ou suporte ao
desenvolvimento cognitivo, sensorial e
expressivo de PNEEs, promovendo seu envolvimento e participação na família,
escola, profissão, lazer, enfim, buscando sua
inclusão social nos mais diferentes espaços, os quais hoje, por sua vez,
também vem sendo adaptados para permitir
o acesso, a mobilidade e a atuação desta “grande minoria”, no contexto
mais amplo e globalizante do III milênio.
COMEÇANDO PELO COMEÇO.....
3. COMPREENDENDO A INTERAÇÃO PNEES-COMPUTADOR
Ao focalizarmos o computador como
ferramenta de ajuda para PNEEs, é preciso diferenciar as duas dimensões que
envolvem a tecnologia informática, ou seja, o hardware e o software que irão
coordenar a Interação Humano-Computador (IHC). Os estudos e pesquisas
realizados nesta área, tem como proposta prever antecipadamente, se os sistemas
a serem desenvolvidos satisfazem as necessidades de usabilidade, aplicabilidade
e comunicabilidade dos usuários. Consideramos pertinente mencionar tais
critérios de estudo e construção de sistemas, por revelarem possibilidades
valiosas de abertura, flexibilidade
e adaptabilidade dos recursos
informáticos às PNEES. Segundo Souza e outros. (1999, p 227), tem-se direcionado estudos teóricos visando
a melhoria dos processos de interação
usuário-sistema, focalizando os seguintes aspectos:
·
Design e desenvolvimento do hardware e
software: estudo de tecnologias que envolvem dispositivos de entrada e saída
bem como de tecnologias de software, como ambientes gráficos e virtuais, entre
outros;
·
Focalizando
a capacidade e limitação física e cognitiva dos usuários: estudos de ergonomia para avaliar limites de
esforço físico do usuário e estudos de psicologia e ciência cognitiva sobre a
capacidade humana de memorização, raciocínio e aprendizagem.
·
Instrumentação
teórica e prática para o desing e desenvolvimento de sistemas interativos:
estuda a respeito dos fenômenos abrangentes; modelos para o processo de
desenvolvimento que descrevam as etapas necessárias e como devem ser conduzidas
·
Modelos
de interfaces e do processo de interação usuário-sistema: estudos com vistas
a desenvolver modelos abstratos do
processo de interação compatíveis com as capacidades e limitações físicas e
cognitivas dos usuários
·
Análise
do domínio e de aspectos sociais e organizacionais: estudos com a finalidade de
avaliar o impacto que o contexto onde está inserido o usuário exerce sobre seus
conhecimentos, sua linguagem
e suas necessidades .
Os progressos nesta área, unido-se aos
esforços de profissionais entre os quais educadores, fisioterapêutas,
fisiatras, engenheiros, psicólogos, informatas, etc, deverão cada vez mais incorporar
alternativas para superação de barreiras, ainda existentes, na relação
usuário-tecnologias. O sucesso na interação PNEEs-Computador, abrangendo as
diferentes dimensões abordadas, consiste
basicamente em serem estas o mais
simples e amigáveis possível, oferecendo uma ponte através da qual as
peculiaridades individuais são contempladas.
A Fig. 1, apresenta-nos os elementos
que constituem e estão envolvidos no ciclo de processamento da informação e o
sentido da dinâmica desta interação:
Figura 1. Ciclo de Processamento da Informação
4.
O “ROL” DAS INTERFACES
No
dicionário de termos técnicos informáticos encontramos a seguinte definição de Interface: “Conexão entre dois
dispositivos em um sistema de computação. Também usado para definir o modo
(texto ou gráfico) de comunicação entre o computador e o usuário”.
Levy (1999, p. 37) coloca-nos como
sendo Interface, “todos os aparatos
materiais que permitem a interação entre o universo da informação digital e o
mundo ordinário” . Uma das definições
mais interessantes encontradas, por aproximar-se esta ao contexto de nosso
foco, é a de Moran , mencionada por Souza e outros.
(1999, p. 428), quando diz que “a
interface de usuário deve ser entendida como sendo a parte de um sistema
computacional com a qual uma pessoa entra em contato físico, perceptivo e
conceitualmente” .
Na realidade e de forma mais simples,
diz-se que a interface é constituída por componentes de software e hardware. O
primeiro, segundo Souza e outros.(1999, p. 428),
“é a parte do sistema que implementa os processos
computacionais necessários para o controle dos dispositivos de hardware, a
construção dos dispositivos virtuais com os quais o usuário irá interagir, a
geração dos diversos símbolos e mensagens que representam as informações do
sistema e, ainda, a interpretação dos
comandos dos usuários”.
O hardware é formado pelos dispositivos
com os quais o usuário realiza as já mencionadas atividades motoras e
perceptivas.
Assim, software e hardware, compondo um
sistema maior no qual cada parte
desempenha suas funções de forma harmônica, estão disponíveis para interação
direta ou através de adaptações ou Ajudas Técnicas, ao usuário dEficiente. Se
por um lado, a interface constitui-se em um meio para a interação
usuário-sistema , por outro, ela é uma ferramenta, que oferece instrumentos para que se instale
um processo comunicativo/interativo.
Conforme
Levy (1999, p. 37), a partir dos anos
70 houve um aumento no ....
espectro
de ações corporais que podem ser diretamente captadas por dispositivos
computacionais: teclados que permitem a entrada de textos e o fornecimento de
instruções aos computadores, o mouse por meio do qual é possível manipular “com
a mão” as informações na tela, superfícies sensíveis à pressão dos dedos(tela
sensível ao toque), digitalizadores automáticos de som (samplers), módulos de
software capazes de interpretar a palavra falada, digitalizadores (ou scanners)
de imagens e de textos, leitores óticos (de código de barras ou outras
informações), sensores automáticos de movimentos de corpo (data gloves ou
datasuits), dos olhos, das ondas cerebrais, de influxos nervosos (usados em
algumas próteses), sensores de todos tipos de grandezas físicas: calor,
umidade, luz, peso, propriedades químicas, etc). Quanto às interfaces de saída
ocorreu um avanço no sentido do aperfeiçoamento da definição e de uma
diversificação dos modos de comunicação no âmbito do visual, do sonoro
(evolução da síntese de voz, que no contexto do qual falamos, assume grande
importância) e da modalidades tácteis e proprioceptivas (sensação de
lisura ou rugosidade, ampliando a ilusão de realidade).
Havendo abordado rapidamente sobre o papel desempenhado
pelas interfaces numa interação usuário-sistema podemos acrescentar que a nível
de mercado nacional e internacional, neste momento, encontramos disponível um
arsenal de recursos e dispositivos, os quais foram e estão sendo desenvolvidos
especificamente com a finalidade de promover o acesso das PNEEs, possuam elas
algum comprometimento neuro-motor, de linguagem/comunicação, na área sensorial
ou mesmo mental.
O primeiro e mais importante aspecto a
considerar quando da “escolha” de alguma Ajuda Técnica para determinado
indivíduo, são as caraterísticas e reais condições (dificuldades e capacidades,
muitas vezes latentes) que este usuário apresenta. Sómente diante de um quadro
real seremos efetivos na definição do dispositivo ou programa mais adequado e
potencializador para a PNEEs. Neste sentido, sugerimos a reflexão
sobre alguns aspectos, também
abordados por Montoya (1997), os quais poderão nos orientar com mais segurança,
nas escolhas mais apropriadas ao usuário, numa perspectiva holística do ser:
·
Com que finalidade podemos utilizar este dispositivo ou programa?
·
Qual a sua função na melhora das
capacidades comunicativas do indivíduo?
·
Como apoiar a exteriorização ou
expressão dos seus pensamentos?
·
Torna-se útil em diferentes área:
educacional, lazer, trabalho?
·
Pode ser utilizado com os programas
convencionais(no caso dos dispositivos) do mercado?
Não há dúvidas de que para realizar-se a reflexão
sugerida é imprescindível que estejamos devidamente apropriados do conhecimento
sobre os recursos informáticos disponíveis para as PNEEs ou, bem assessorados
por especialistas e profissionais capacitados a uma orientação mais adequada.
Koon e Vega ( 2000) agrupam basicamente em 5 as ajudas
técnicas disponibilizadas às PNEEs:
1.
Os
sistemas alternativos e aumentativos de acesso a informação:
São ajudas para pessoas com deficiência visual ou auditiva e constituem as
Tecnologias da Fala, os Sistemas multímidia interativos, os sistemas de
comunicação avançada e os de rehabilitação cognitiva.
2.
Os
sistemas de acesso: São as interfaces adaptadas que
permitem às pessoas com deficiências física ou sensorial usar os computadores
3.
Sistemas
alternativos e aumentativos de comunicação: São aqueles
desenvolvidos para pessoas que não tem acesso ao código de comunicação oral-verbal
4.
Sistemas
de mobilidade: Relacionam-se à mobilidade e
deslocamento da pessoa e as barreiras arquitetônicas
5.
Sistemas
de controle do ambiente: Permitem a manipulação de
dispositivos que auxiliam no controle do ambiente do indivíduo.
Esta é uma classificação muito ampla
envolvendo os mais variados dispositivos tanto de hardware e software, Para
compreendermos com mais exatidão o funcionamento da ajudas técnicas
disponibilizadas pela tecnologia Adaptativa/Assistiva, e, assim adequarmos com mais segurança os dispositivos às necessidades específicas de cada PNEEs
apresentamos a Fig. 2.
Figura 2: Fluxo da informação e Ajudas Técnicas
ACESSO
MEDIADO
|
PROGRAMAS RESIDENTES
|
ACESSO DIRETO
|
USUÁRIO
|
COMPUTADOR
|
TECLADOS - MOUSE
- TELAS SENSÍVEIS -
RECONHECIMENTO DE VOZ
|
Sistemas de
Varreduras
|
Sistemas de
Códigos
|
Comutadores
Interruptores Aciodores
|
MONITOR - IMPRESSORA -
SINTETIZADOR - DIGITALIZADOR DE VOZ
|
SAÍDA
|
l Redefinir o teclado
l Diminuir a velocidade
l Redundância
visual/auditiva
l Modificar os tempos de
espera
l Ampliar os caracteres
ou
imagens
l Oferecer acesso mais
rápido
l Simulador de teclado
l Simulador de mouse
|
Através do fluxograma na Fig. 2,
percebemos que existem duas vias de acesso para a entrada das informações ao computador: 1) uma que se dá diretamente
entre usuário e máquina, utilizando-se de diferentes dispositivos (ACESSO DIRETO), e, 2) outra, que ocorre
através da mediação de comutadores, acionadores e/ou interruptores (ACESSO MEDIADO). Estes últimos, são
necessários quando o usuário não possui
coordenação motora suficiente para efetivar uma ação incisiva sobre o
dispositivo de entrada usual, como observa Montoya (1997). Na realidade é
indiferente a via de envio da informação para que o processo de interação se
realize, o importante é que a mesma seja verdadeiramente eficiente.
1)
ACESSO DIRETO
Ao abordar-se a via de acesso direto
das PNEEs à máquina, queremos referenciar os
periféricos adaptados para aqueles usuários que possuem coordenação motora suficiente para
manuseá-las.
As ajudas técnicas nesta via direta
podem ser :
·
Teclados ergonômicos, miniteclados ou teclados expandidos. Os teclados ergonômicos são teclados modificados desenhados com o intuito de diminuir a tensão e sobrecarga dos dedos, mãos ou punho, permitindo várias possibilidades de ajuste para o alcance da postura mais adequada e cômoda para o usuário. Os miniteclados, mais reduzidos, favorecem o uso às pessoas com controle limitado dos braços e mãos, enquanto que para os teclados expandidos ocorre o contrário: neste há maior espaçamento entre as teclas possibilitando desta forma, que o usuário apoie sua mão sem tocar nas demais teclas.
Teclados ergonômicos, miniteclados ou teclados expandidos. Os teclados ergonômicos são teclados modificados desenhados com o intuito de diminuir a tensão e sobrecarga dos dedos, mãos ou punho, permitindo várias possibilidades de ajuste para o alcance da postura mais adequada e cômoda para o usuário. Os miniteclados, mais reduzidos, favorecem o uso às pessoas com controle limitado dos braços e mãos, enquanto que para os teclados expandidos ocorre o contrário: neste há maior espaçamento entre as teclas possibilitando desta forma, que o usuário apoie sua mão sem tocar nas demais teclas.
Figs
4 e 5. Miniteclados
Fonte:
www.ars-coop.it
|
Fig. 3. Teclado
expandido
Fonte:
www.ars-coop.it
Para aprimorar o acesso no uso dos teclados, tem-se ainda
disponíveis outros recursos, tais como:
A “colmeia” de acrílico ou metacrilato, colocado acima do teclado original, consiste numa superfície retangular perfurada cujos orifícios situam-se acima das teclas (este recurso é importante para aqueles com reduzido controle motor permitindo que localizem as teclas com os dedos ou um apontador).
Fig.6. Colmeia
Fonte: www.ars-coop.it
O “sujeita-teclas”,
é um dispositivo que permite segurar uma tecla enquanto se pressiona outra. Ao
acionar-se o dispositivo, uma tecla permanece pressionada e ao voltar a acionar desbloqueia-se.
·
Teclado Braille:
Montoya (1997) coloca que embora alguns cegos utilizem o teclado convencional
sem dificuldades, há aqueles que preferem, ou ainda, necessitam utilizar o
teclado Braille. No seu uso pressiona-se uma combinação de teclas que produzem
o Braille computadorizado de oito pontos ou o braille integral que utiliza um transcritor Braille de seis
pontos. Começa a popularizar-se atualmente o uso dos sistemas Braille-portátil
como, por exemplo, o Braille lite 18
ou o Teclado-falado . Estes
dispositivos de bolso possibilitam que informações que estão sendo digitadas,
sejam transformadas em “fala” por um sintetizador de voz incorporado ao
sistema.
Fig.7. Braille Lite 18
Fonte: www.bengalabranca.com.br
|
Fig. 8. Teclado Falado
Fonte: www.bengalabranca.com.br
|
·
Teclado de conceitos é um
recurso que apresenta finalidades primordialmente educativas e de comunicação.
Consiste em um teclado composto por células sensíveis ao
tato (de 16, 128 ou 256 células) e programáveis, isto é, constitui-se em um
dispositivo aberto podendo-se configurar as células em função das
características do software a ser usado.
Através deste dispositivo podemos criar lâminas, adaptar programas e construir programas mais adequados às necessidade do nosso
aluno.
Fig 10. Teclado
com lâminas
pedagógicas.
Fonte:
www.clik.com.br
|
Fig.9. Teclado com 20 casulos
Fonte:www.niee.ufrgs.br
|
Os apontadores ou
ponteiros de cabeça são ajudas técnicas que servem para permitir o acesso
do indivíduo com impossibilidade de movimentação dos membros superiores, ao
teclado ou qualquer outro dispositivo de acesso. Os apontadores podem ser
acoplados à cabeça através de bandas elásticas, por exemplo, podendo afixar
diversos acessórios como lápis, pincéis, canetas, ímã, etc e com estes teclar,
pintar, pegar objetos, entre outras possibilidades. Podem ainda, ser
denominados de licórnio.
Adaptador bucal: é outro dispositivo para indicar ou apontar, semelhante ao
ponteiro de cabeça, porém usado para ter-se acesso com a boca, aos diferentes
tipos de teclado, a tela sensível ao toque
ou manipular objetos.
·
A tela sensível ao toque
é mais uma possibilidade de acesso direto ao computador, como se usássemos o
teclado ou o mouse. Esta pode ser acionada através dos dedos ou por um
apontador.
Fig. 11. Tela
sensível ao toque (Touchscreen)
Fonte: www.ars-coop.it
|
·
Leitor ótico de cartões: Este
recurso pode ser utilizado por pessoas que não possuem a independência dos
movimentos dos dedos, pois funciona através de cartões que são introduzidos em
uma caixa conectada ao computador. Tais cartões contém imagens desenhadas e,
abaixo destas, perfurações que são interpretadas pelo leitor ótico.
·
Reconhecimento de Voz permite ao aluno introduzir informações e
comandos ao computador dando apenas ordens verbais (letras, palavras ou
frases). Na verdade, a voz substitui o teclado ou o mouse. É um software de uso
pessoal, já que o sistema adapta-se e reconhece apenas aquelas palavras ou
ordens “ensinadas” pelo usuário que as introduziu e as quais foram
digitalizadas e armazenadas, criando uma lista ou dicionário com as mesmas.
Alguns programas possibilitam que o
“banco” de voz vá se adaptando e
funcione com mais precisão conforme seu maior uso. Para isso, o programa vai
comparando resultados do processo acústico com os modelos linguísticos,
determinando assim, a palavra mais provável.
·
O mouse tradicional pequeno e adaptado à
mão do usuário, já sofreu inúmeras modificações ergonômicas. Existem vários
modelos adequados às possibilidades motoras do indivíduo. A mais recente tecnologia de acessórios
especiais para computador , desenvolveu um mouse denominado Tracer, o qual permitirá
às pessoas com degeneração muscular, quadriplegia entre outras deficiências que
impedem o movimento da mão, a utilizarem tal dispositivo, a partir de
movimentos da cabeça. Trazemos aqui modelos que podem ser movimentados numa ação
direta da palma da mão, um dedo ou um apontador .
Fig. 12. Roller Mouse
Fonte: www.clik.com.br
|
Fig. 13. Switch Mouse
Fonte: www.click.com.br
|
Fig14-15. Modelo de mouse com sensor
tipo
“bola” ( menor e maior)
Fonte:
www.ars-coop.it
|
Já encontramos no mercado também, um mouse que imita
sensações táteis, o iFeel Mouse Man,
permitindo ao usuário sentir as imagens que percorre com o ponteiro do rato.
·
Joystick é
bastante conhecido por ser muito utilizado em jogos de video-game. Pode ser
controlado através de uma barra de direção e botões de “acertar”. O uso deste
tipo de dispositivo, exige do usuário determinada condição a nível de
coordenação motora fina.
Fig.15-16-17. Modelos de joystick adaptados
Fonte: www.ars-coop.it
|
·
Através do Scanner e/ou Câmara tem-se
a possibilidade de introduzir desenhos e fotografias no computador, as
quais poderão ter infinitas aplicações educacionais ou laborais para o usuário.
Os modelos mais recentes de scanner já contém o programa de Reconhecimento Ótico de Caracteres (OCR) que permite a introdução de
produções textuais, obtendo resultados no computador tal qual a entrada via
teclado.
2) ACESSO MEDIADO
Quando não há condições motoras de
acesso direto para a entrada das informações ao computador, através dos
dispositivos acima citados é necessário que se adote recursos alternativos
intermediários como comutadores ou
acionadores. Estes são dispositivos de hardware conectados ao computador
com a função de informar ao programa a ocorrência de uma resposta. Segundo
Charin & Capovilla (2000), tais dispositivos podem ser do tipo botão,
alavanca, pedal, um acionador sensível ao sopro, gemido, toque, proximidade,
inclinação, direção do olhar, piscar ou qualquer outro dispositivo acionado por
um movimento voluntário.
Figura
18: Exemplos de comutadores/acionadores
Para
Apertar
|
De Sopro
|
Neuromuscular
|
Com Sensor
|
De Inclinação
|
De Pressão
|
Fonte:
Montoya, R.S. Ordenador y discapacidad
Com o intuito de apresentarmos maior
clareza para a compreensão da ação destes dispositivos, cabe aqui trazer
algumas descrições do funcionamento dos mesmos, feitas pelos autores já
citados, Charin & Capovilla ( 2000, p.171):
O acionador por direção do olhar, por
exemplo, funciona com uma câmera de vídeo posicionada em direção aos olhos do
usuário, e conectada ao computador através de uma placa de captura de imagem; o
software do acionador é programado de forma a detectar variações
voluntárias da posição da íris como uma
resposta do usuário, a partir da análise em tempo real das imagens capturadas.
O acionador sensível ao gemido emprega um microfone
posicionado contra o pescoço do usuário ou frente à boca. O microfone , por sua
vez, é conectado a um dispositivo que amplifica e converte o sinal analógico
proveniente em um sinal digital que assume dois estados de ativação: ligado ou
desligado. A sensitividade do acionador deve ser ajustada para filtrar o ruído
de fundo e a respiração do usuário.
Deste
modo, os dispositivos de acionamento são peculiares a cada sistema podendo ser
ativados de variadas formas, dependendo das possibilidades residuais do
usuário, fazendo a conexão entre as capacidades de ação efetiva deste com a
máquina. Assim a interação poderá ser feita através de um sensor de
proximidade, de sopro, toque, células fotoelétricas e sensores altamente
sensíveis a qualquer movimento ou mudança de temperatura, luz infravermelha, etc.
Nestes
casos, a entrada da informação pode ser realizada por meio de dois sistemas, o
de varreduras e o de códigos, dependo sua escolha, das potencialidades da
PNEES:
-
O sistema de varredura, é usado quando o usuário
possui apenas a capacidade de dar respostas através de movimentos amplos, pois
este sistema requer sómente a ativação ou desativação de um ou vários
acionadores. Apresenta-se mais lento que o acesso direto permitindo que se
configure o dispositivo de acordo com as necessidades do usuário, quanto a velocidade da varredura, tempo para confirmar-se a opção, o som, o número de acionadores, etc.
-
O sistema de código, Utiliza
um ou vários acionadores como no sistema anterior, porém é mais rápido. A
entrada ao computador dá-se através de código, normalmente o código Morse. Tal
sistema requer do usuário certa condição motora e cognitiva para enviar códigos
de pontos e traços ao computador para que este os decodifique e converta em
ordens para trabalhar com o programa correspondente.
Utilizando
tais sistemas, encontramos os Emuladores,
de Teclado e de Mouse, que cumprem as referidas funções, sendo pensados para
pessoas que possuem poucos movimentos voluntários. Os Emuladores podem ainda,
permitir o acesso à programas exclusivos, específicos para cada aluno.
Seguindo
ao caminho apontado pela Figura 2, após apresentarmos os dispositivos e
programas que constituem-se nos meios de entrada da informação ao computador,
descreveremos sobre as Ajudas Técnicas disponíveis como software, atuando na
maior adequação da interface com o usuário. Segundo Montoya (1997), estes
programas são conhecidos como transparentes ou residentes, pois podem ser
instalados e “conviver” com os programas comerciais normalmente. Disponibilizam funções tais
como:
-REDEFINIR
O TECLADO [1-finger; Bloqtec; Stickykeys][3]
: Programas que são carregados na memória do computador modificando o acesso
aos símbolos/acentos superiores das teclas, que necessitam normalmente do uso
de duas mãos/dedos concomitantemente. (ativa-se o programa com um pressionar,
tecla-se Caps Lock , pressionamos na tecla com o símbolo de porcentagem ou
asterisco, etc e este aparece na tela naturalmente);
-DIMINUIR
a VELOCIDADE dos programas para que o usuário possa responder no seu tempo, com
adequação [Slowpc; Slowdown] ;
-Oferecer
REDUNDÂNCIA VISUAL ou AUDITIVA de saída. São programas que produzem imagens (deficiência auditiva) [ShowSound/ Soundsentry] e sons (deficiência
visual) [ToggleKeys] que visam chamar
a atenção do usuário para ativação das teclas de função, por exemplo;
-MODIFICAR
OS TEMPOS DE ESPERA [RepeatKeys; Keystop; Slowkeys/ Bouncekeys]
Tais programas evitam o reconhecimento das teclas que o usuário toque
acidentalmente durante um período curto de tempo;
-AMPLIAR
OS CARACTERES OU IMAGENS [Zoomtext; Lente Pro] : Podemos ampliar uma área do
monitor efetuando um zoom a nível de pixels ou converte os caracteres do
monitor para uma representação maior, cujo tamanho e tipo de letra pode ser
escolhido pelo usuário;
-OFERECER
ACESSO MAIS RÁPIDO: Através da criação de macros (sucessão de ações que são
executadas uma em continuidade à outra diante da ativação de um só comando;
executa uma lista de operações), pode-se redefinir as teclas para que executem
operações que necessita o usuário. Ex: uma só tecla pode equivaler a uma
expressão de despedida: “Aguardo notícias, enviando um grande abraço para
você.” Esta possibilidade é muito útil para deficientes na área motora;
-SIMULADOR DE MOUSE [Mouse Keys, Dragger] : São programas que permitem simular, através do teclado
numérico , os movimentos e ações do mouse. É importante para aquelas pessoas
que são espásticas ou que acessam o computador através de um acionador;
-SIMULADOR DE TECLADO: Programas que apresentam
o teclado em um canto da tela do computador , o qual é acionado pelo mouse ou
qualquer outro dispositivo selecionando os caracteres que o usuário deseja. TCSoft permite a seleção de caracteres e
ativação do teclado no ambiente Windows; o acesso pode ser feito pelo sistema
de varredura através de comutadores ou por seleção direta com o apontador do
mouse que aparece na tela; o programa Teclado
Residente (MS/DOS), permite que uma vez escritos os primeiros caracteres de
uma palavra, seja selecionada através de uma determinada opção, um dicionário
de palavras e frases. Também oferece uma série de parâmetros de configuração
adaptáveis ao usuário. Da mesma forma, temos o ST, soft criado
pelo Niee-UFRGS( Santarosa e Martins, 1995; 1996; 2000), que apresenta as teclas
presentes no Simulador de Teclado dispostas em janelas que agrupam opções as
quais têm algumas características em comum: são letras, números, comandos
relacionados entre si. Se existir um número reduzido de opções, cada uma delas
é disposta uma abaixo da outra; a varredura é realizada opção a opção, de forma
vertical. Para grupos maiores, as opções distribuem-se de forma matricial, ou
seja, em linhas e colunas. Nesse caso, a varredura é feita primeiro iluminando
linha a linha, e, uma vez selecionada uma linha, ilumina-se uma a uma cada
coluna dessa linha, até que se selecione a opção desejada. O
Simulador de Teclado envia a informação das teclas selecionadas ao computador
da mesma forma que faria o teclado convencional.
|
Fig. 20. Simulador de Teclado do Niee
Fonte:
www.niee.ufrgs.br
|
Fig. 19. Simulador de teclado na tela
Fonte: www.clik.com.br
|
Fecharemos
o ciclo de processamento da informação,
neste contexto da Tecnologia Adaptativa/Assistiva, apresentando os dispositivos
de saída da informação, que irão concretizar
a plena realização da
dinâmica do ciclo interativo
PNEEs-computador:
·
Monitor constitui-se no
meio de saída visual da informação de atuação mais marcante sobre o indivíduo,
pois sabemos que o olho humano capta dados contidos em um gráfico muito mais
rapidamente que na forma textual ou através de números. Os diferentes tamanhos
e qualidade de imagens deste dispositivo oferecidos pelo mercado, devem ser bem
pesquisados visando sempre a maior adequação às necessidades específicas do
usuário
Fig. 21-22: Monitores grandes com ampliação de imagem
|
·
Impressoras:
Dentre os diferentes tipos de impressoras a tinta como as matriciais, a jato de
tinta ou laser, encontram-se as impressoras Braille, que transcodificam os
caracteres convencionais ao sistema de seis pontos do Braille. A mesma emite um
sinal sonoro diferenciado para informar ao usuário cego se está conectada,
desconectada ou se falta papel. Modelos mais recentes, de tamanho portátil,
apresentam sintetizador de voz, podendo ler textos diretamente do seu
computador.
Fig 23-24. Modelos de impressora Braille
com sintetizador de voz
Fonte:
www.bengalabranca.com.br
|
·
Linha Braille: O texto que encontra-se na tela é reproduzido em Braille
sobre uma superfície, linha Braille, formada por células eletromecânicas as
quais o deficiente visual pode ler ao tato. Ainda
bastante utilizada, porém é uma ajuda técnica que não apresenta sintetizador de
voz.
Fig. 25: Linha Braille
|
·
Saídas Audíveis:
O
Sintetizador de Voz converte
qualquer texto escrito que se apresente na tela do
monitor, em texto sonoro. É muito utilizado para deficientes auditivos e para
cegos, pois todos os programas utilizados pela população ouvinte, tornam-se
também acessíveis a estes, através do sintetizador de voz. O uso deste recurso,
traz ainda inúmeras aplicações e
benefícios no aspecto pedagógico.
Fig. 26-27. Modelos de sintetizador de voz: usados
com software de leitura de tela
|
Digitalizador de
voz ou, segundo alguns referências, cartão
sonoro. Permite que sons previamente gravados possam ser reproduzidos
incorporando-os a programas e jogos educativos.
Havendo realizado uma síntese descritiva das Ajudas Técnicas e
procurando oferecer ao leitor deste trabalho uma visão do funcionamento e
aplicabilidade prática das mesmas, ao
finalizar, apresentaremos ainda, um mapa conceitual (Fig. 18) traduzido e
adaptado a partir de Montoya (2000), correlacionando recursos tecnológicos com
necessidades especiais:
|
Internet Sistemas Utilitários
Editores Editores Base
Gráficos de de
Texto Dados
Planilha
Eletrônica
|
Sistemas de Autoria
Jogos
Pedagógicos
Software
Educacionais
|
Sistemas
de Comunicação
Suplementar Alternativa
Educação Dificuldades
da Motoras
Fala
|
Ajudas Técnicas
Informática
|
Leitor Sistemas de Emuladores
de Ampliação
Tela Opções
de
Acessibilidade
|
Disco
Robótica
Modem
|
t Comunicação
t Educação
t Lazer
t Controle do
Ambiente
t Profissão
t Acesso e inte
gração ao
mercado de
trabalho
|
Mediador
Educador
|
Igualar
Oportunidades
|
Entradas
|
Saídas
|
Impressoras
Monitor
|
Linha Braille
Impressora
Braille
|
Voz
digitalizada
Voz sintetizada
|
Interface conexão
|
Teclado Joystick Tabuleiro
Braille Conceitos
Tela sensível Reconhecimento Mouse
ao toque de
Voz
Scanner Leitor de
Teclado Cartões
|
MAPA CONCEITUAL DOS RECURSOS E NECESSIDADES ESPECIAIS
|
Software
|
Hardware
|
Usuário
|
Entradas
Saídas
|
Visual
|
Táctil
|
Sim
|
Objetivos:
Facilitar
|
OBJETIVOS GERAIS
|
Ferramentas
FORMAÇÃO
|
EXCLUSIVOS
|
Linguagem de programação
|
Não
|
PNEEs
|
Windows
|
Ajudas Técnicas
|
Sopro Sensor Neuromuscular
Pressão Inclinação
|
Auditiva
|
Direta
|
Comutadores
Acionadores
|
Mapa Conceitual traduzido e adaptado de Montoya, R. S.
( RIBIE, 2000) .
|
Através deste Mapa Conceitual dos
Recursos e Necessidades Especiais, podemos perceber com maior clareza, o mundo
Tecnológico Informático que encontra-se disponibilizado em função das PNEEs.
Nele verificamos as duas dimensões
envolvidas no ambiente informático/telemático, qual seja, a do software e a do
hardware, que irão desempenhar as funções de adequação às peculiaridades
individuais. Assim, vemos que como hardware existem as interfaces de entrada,
direta ou mediada por outra interface de conexão, e as de saída da informação. Como Ajudas
Técnicas de entrada direta, isto é,
àquelas que requerem do usuário condição motora suficiente para o acesso físico
direto aos dispositivos, tem-se o teclado
adaptado, teclado Braille, o teclado de conceitos, o mouse, a tela sensível ao
toque, o Joystick, o reconhecimento de voz, o leitor de cartões e o scanner ;
como Ajuda Técnica mediada por acionadores ou comutadores, ou seja,
dispositivos que servem como meio de acesso às possibilidades residuais de
resposta do indivíduo, tem-se os mais variados sensores (de sopro, de pressão,
etc).
Os dispositivos de saída da informação são
apresentados no mapa de acordo com as necessidades de cada área sensorial, quais
sejam: a visual com os diferentes tipos de impressoras, e o monitor com maior e
melhor resolução; a tátil, referindo a linha Braille e a impressora Braille e,
finalmente, a auditiva, trazendo a voz digitalizada e a voz sintetizada.
No que se refere à software que favoreça o uso dos recursos informáticos
às pessoas com deficiências podemos observar no mapa a presença de Ajudas Técnicas tais como o Leitor de Tela,
Sistemas de Ampliação de caracteres ou gráficos, os Emuladores que auxiliam na
mediação com recursos específicos e as diferentes opções de acessibilidade,
seja ao ambiente computacional propriamente dito, seja ao ambiente telemático.
Tais recursos, preciosos para as PNEEs,
são intermediados sempre por algum
especialista e/ou educador, que busca favorecer o alcance de objetivos que
visem igualar e qualificar as oportunidades de interação e comunicação do
indivíduo, a educação nos seus aspectos mais gerais e/ou específicos, as
possibilidades de lazer, de profissionalização e de controle e manejo do
próprio ambiente, finalizando assim, na
autonomia, da PNEEs.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho, sem a intenção de ser absolutamente
completo, procuramos compilar de modo objetivo e simples, os recursos que as
Tecnologias da Informação e Comunicação disponibilizam, neste início de
milênio, às Pessoas com Necessidades
Educacionais Especiais.
A
Educação Especial veio
percorrendo, nestas últimas décadas, em âmbito mundial, uma caminhada em busca
do rompimento de preconceitos, discriminação e barreiras de toda espécie, que
vão das físicas propriamente ditas, às mentais e no contexto familiar e
educacional ao contexto social. O olhar dos próprios especialistas e educadores
da área evoluiu a partir do modelo médico de deficiência ( segundo o qual havia necessidade de
“modificar, habilitar, reabilitar, educar” as pessoas com deficiência) ao modelo social da deficiência, que hoje se
consolida no sentido de modificar a sociedade(escolas, serviços, ambientes
físicos, empresas, etc) para estar apta a acolher todas as pessoas, tenham
necessidades especiais ou não, buscando um mundo para todos.
Neste sentido, acreditamos que a
Tecnologia Informática, mais especificamente a
Tecnologia Adaptativa/Assistiva, já envolvida pelos princípios
inclusivistas tais como autonomia, independência, equiparação de oportunidades,
qualidade de vida, entre outros, veio fortalecer tais perspectivas e desmistificando preconceitos de incapacidade
ainda existentes. O contato e uso das ferramentas Informáticas para algumas
pessoas pode ser opcional e casual, para outras, necessária, mas para outras
ainda, é imprescindível, abrindo-lhes
portas, ou talvez apenas janelas, para um convívio mais respeitoso e
satisfatório com seus semelhantes.
Os investimentos em políticas educacionais
e sociais, em pesquisas e formação profissional, estão ampliando-se nesta área e apontam perspectivas
extremamente animadoras no sentido de favorecerem cada vez mais, o emergir das
potencialidades das PNEEs
Para concluir, trazemos como reflexão
final aos leitores deste trabalho que desejem utilizar-se dos recursos da
Tecnologia Adaptativa/Assistiva, um aporte de Montoya (1997), no sentido de “evitar
rodear a pessoa com dEficiência de dispositivos mais ou menos sofisticados, mas
buscar sempre a diretriz da simplicidade, menor custo e o intuito de
proporcionar uma ajuda individualizada, contínua e integradora”.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL/PROJETO DE LEI
4767/98 Disponível em: www.mbonline.com.br/cedipod/pl4767.htm.
Acesso em: 25 mai 2000.
CAMPOS, L.R. La Tecnologia un camino alternativo
para el DESARROLLO de las personas com
disCAPACIDAD. Disponível
em: www.niee.ufrgs.br/ Icieep/cd-
Interior.htm#dos Acesso em: 20 nov 2000.
CAMPOS, Marcia Borba;
SILVEIRA, Milene Selbach, SANTAROSA, Lucila Maria Costi. Tecnologias para a
Educação Especial. Revista: Informática na Educação: Teoria e Prática.
PGIE/UFRGS, Porto Alegre, v.1, n.2 p.55-
72, abril.1999.
CHARIN, Sergio;
CAPOVILLA, Fernando Cesar. Acesso ao computador por meio de acionadores
eletrônicos. In: Tecnologia em (Re)Habilitação Cognitiva, 2000: a dinâmica
clínica-teoria-pesquisa. São Paulo : Centro Universitário São Camilo,
2000, p. 169-174.
CONFORTO,
Débora e SANTAROSA, Lucila M. C. Acessibilidade
à Web :
Internet para Todos
. Revista de Informática na Educação: Teoria, Prática – PGIE/UFRGS. (no prelo).
Dicionário
de Informática. Disponível em: www.mindmap.com.br/DICIONARIO_INFORMATICA.HTML
Acesso em: 20 Nov 2000
KOON, Ricardo.; VEGA,
Maria Eugenia. El impacto tenológico en las
personas com discapacidad. Disponível em: www.f-integra.org/tecnoneet/ponentes.htm. Acesso
em: 23 jun 2000.
LÉVY, Pierre. A máquina universo: criação, cognição e
cultura informática. Porto
Alegre: ArtMed, 1998.
LÉVY, Pierre. Cibercultura.
São
Paulo: Ed. 34 Ltda. 1999.
MONTOYA, Rafael Sanches. Ordenador y discapacidad.
Guia práctica para conseguir que el ordenador se una ayuda eficaz en el
aprendizaje y la comunicación. Madrid: Ciencias de la Educación Preescolar y
Especial, 1997. 400p.
MONTOYA, Rafael Sanches. Tutorial: Ayudas Técnicas e
Informáticas para la Educación Especial. In: RIBIE 2000,Chile.
PUCHE, Águeda Brotons
et al. Ayudas técnicas, habilitación y diversidad Disponível em: www.f-integra.org/tecnoneet/comunica.htm.
Acesso em: 23 jun 2000.
SANTAROSA,.
Lucila Maria Costi; MARTINS, Ademir. Simulador e Teclado para portadores de
Paralisia Cerebral. Revista Integração, MEC, 7(16), 1996, p. 53-59.
SANTAROSA,
L.M.C. & MARTINS, Ademir. Simulador
de Teclado: Versão 1.0- Manual do
Usuário. Porto Alegre, Editora da
UFRGS, 1995
SANTAROSA, L. M. C. Simulador de Teclado
Para Portadores de Paralisia Cerebral: Avaliação e Adaptação para Portugues
Organizado por: CYTED ACCIONES DE COOPERACIÓN EN CIENCIA Y TECNOLOGIA CON
INCIDENCIA EN LA MEJORA DE LA CALIDAD DE VIDA DE LA INFANCIA Y LA ADOLESCENCIA
IBEROAMERICANAS:, MADRID:, ALBA S/A, 2000, v. I, p. 31-40
SOUZA, Clarisse
Sieckenius e outros. Projeto de
Interfaces de Usuário: Perspectivas Cognitivas e Seminóticas. In: Congresso
Nacional da Sociedade Brasileira de Computação. Educação e Aprendizagem na
sociedade da Informação. PUC-RJ, 1999 p. 425-476. Anais.
6. SITES
REFERENCIAIS E OUTROS QUE
APRESENTAM AJUDAS TÉCNICAS
Ausili Ricerce Servizi - www.ars-coop.it
Bengala
Branca - www.bengalabranca.com.br
CLIK – Tecnologia Assistiva – www.clik.com.br
Entre Amigos – Temas – Informações básicas sobre Tecnologia
Assistiva – www.entreamigos.com.br/nimage/temas/xtecassi/xinbteas.htm
Rede SACI – www.saci.org.br
Simulador
de Teclado (TC): www.niee.ufrgs.br/
Sistemas de Comunicação : www.usp.br/ip/professores/capovilla-fc.htm
CITAP,
Instituto de Psicomotricidad (España) www.arrakis.es/~citap/
Links
de Educacao Especial - www.niee.ufrgs.br/sites/sites1.html
[1] Educadora
Especial, Mestranda em Informática na Educação(UFRGS), professora da Escola
Municipal Especial Tristão Sucupira Viana (Município de POA) .Pesquisadora no
Núcleo de Informática na Educação Especial (UFRGS) .
luisa@solaris.niee.ufrgs.br.
[2] Professora
Dra. do Curso de Pós-Graduação em Informática na Educação(PGIE) e do programa
do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEDU) da UFRGS; pesquisadora IA do CNPq e consultora da SEESP/MEC;
presidente da Redespecial-Brasil; coordenadora nacional da RIBIE lucila.santarosa@ufrgs.br
[3]
Encontramos em itálico, exemplos de
software específicos para as referidas funções
Nenhum comentário:
Postar um comentário